Friday

A viragem para o Atlântico e a perda da Independência

Esquema Conceptual


A crise do Império Português do Oriente

Chegada de pimenta a Lisboa


Por volta de meados do século XVI, o Império Português do Oriente apresentava alguns sinais de crise, que se reflectiam na redução do número de navios que parti­ram para a índia e do volume de especiarias vindas pela rota do Cabo. Em 1549, o rei de Portugal mandou encerrar a feitoria portuguesa de Antuérpia.

Essa  crise era devida a:
. reanimação das rotas do Levante pelos Árabes e Turcos, que tinham decaído com a criação da rota do Cabo, controlada exclusivamente por Portugal;
. prática de monopólio régio do comércio das especiarias mais lucrativas, não deixando aos particulares a participação nesse comércio;
. elevadas despesas da coroa com a manutenção do Império, que muitas vezes ultrapassavam as receitas;
. desvio dos lucros obtidos no comércio para despesas de luxo e compra de terras e casas, não se investindo no desenvolvimento da agricultura e da indústria;
. aumento do número de naufrágios devido ao excesso de carga dos navios, fracos conhecimentos náuticos dos pilotos e ataques de piratas e corsários,
. concorrência de Holandeses, Ingleses e Franceses, que disputavam aos Portugueses o controlo do comércio e dos domínios ultramarinos.

Em resultado da crise do Império Português do Oriente, a coroa portuguesa volta os seus interesses para o Brasil, nomeando o 1º governador-geral, Tomé de Sousa, em 1549. A crescente importância do Brasil inicia a viragem da economia portuguesa para o Atlântico.

A Crise do Império


Na Corte, os gastos aumentaram sempre.
Grande parte da nobreza vivia de tenças e de prestações diversas pagas pela fazenda real e não seria politicamente sensato reduzi-las. À nobreza de corte acrescia uma série de fun­cionários que se multiplicavam por muitas das repartições públicas e que não cessavam de aumentar. Os compadrios e as eternas «cunhas» eram de tal ordem que o rei D. João III foi forçado a proibir novas nomea­ções a fim de evitar o agravamento das des­pesas.
(Dias depois, o mesmo rei mandou criar um lugar para um filho de um seu criado. À crítica de um ministro o rei respondeu: «Neste país de compa­dres, só o rei não pode ter o seu compadre?»)

A Crise do Império Português do Oriente

O império português e a concorrência internacional

A Falência do Império Português do Oriente



Toda a riqueza do Oriente passava apenas por Portugal e ia fomentar  o trabalho estrangeiro, que nos fornecia de todas as coisas. As enormes quantidades de dinheiro do comércio das Indias, de Malaca e do Oriente eram mal geridos, deficientemente orientados e, sobretudo, mal gastos. Em vez de um investimento no tecido produtivo do país optou-se por comprar ao estrangeiro o luxo que aqui se ostentava contribuindo para o desenvolvimento desses país. Em vez de se investir na construção naval optou-se por alugar barcos... a particulares e ao estrangeiro. Em vez de se procurar vender os prudutos trazidos do Oriente pelos mercados europeus esprávamos que os viessem buscar a Lisboa. Em 1549 abrirá falência a feitoria portuguesa de Antuérpia.
Portugal era apenas a placa giratória de todos os lucros da Rota do Cabo. Pegávamos na riqueza da Índia e íamos levá-la ao norte da Europa, à Flandres, à Holanda, à França e a Inglaterra.
Na gestão do comércio e dos negócios do reino não constava a política de fixação de riqueza, o reinvestimento na criação e desenvolvimento das actividades produtivas manufactureiras, de construção naval, de desenvolvuimento agrícola....
Não admira por isso que passados apenas 30 anos estivéssemos em enormes difuculdades económicas e financeiras.

"As fomes sucediam-se e era necessário endividar-se a Coroa para comprar cereais no mercado da Flandres. (...) Pediam-se empréstimos ao estrangeiro a juros altíssimos.
O País importava de Africa todos os anos, segundo diz um escritor, 338 000 moios de trigo e 670 000 de cevada. Em fins de 1543,deviam-se na Flandres somas enormes, além das que se tomavam em letras «a tão altos preços que se dobra a dívida em quatro anos".


(António Sérgio, Breve Interpretação da História de Portugal)

A carreira da Índia



No reinado de D. João 111 (1521-1557), o nosso país atravessou um período de grandes dificuldades : falta de dinheiro nos cofres do Estado, abandono de praças no Norte de África, encerramento da feitoria de Antuérpia, ataques a praças portuguesas do Oriente.
A partir de então, a situação do Império Português do Oriente piorou. A imoralidade e a corrupção atingiram funcionários e sol­dados portugueses. Por falta de dinheiro, as frotas que partiam para a Índia eram cada vez em menor número. A tradicional rota terrestre das especiarias (através da Ásia Menor e do Mediterrâneo Oriental) recuperou parte do movimento que tinha perdido com a descoberta da rota marítima para a Índia. Em consequência, a exploração da rota do Cabo deixou de ser monopólio do Estado e abriu-se a sociedades de capitais privados. Por outro lado, muitos dos barcos carregados de mercadorias orientais eram apresados por corsários (franceses,holandeses, ingleses) ou vítimas de naufrágios.

O Império Português


Os Impérios Europeus (Séc.XVI)
Nos inícios do século XVI, em resultado do esforço de soldados, marinheiros e membros da Igreja, constituiu-se o Império Português do Oriente, que tinha Goa por capital. Muito vasto, estendia-se desde a costa de África à Indonésia, Macau e Japão. Era essencialmente um império comercial e marítimo que assentava em feitorias e fortalezas espalhadas pelo Índico e pelo Pacífico.Mas a presença portuguesa foi desde cedo contestada pelos naturais- Árabes, Persas, Egípcios, Indianos -, afectados na sua liberdade e nos seus interesses económicos.
A partir de meados do século XVI, o Império Português do Oriente entrou em decadência.





Thursday

Antropocentrismo

 Albretch Dürer
Auto-Retrato (1500)
Até finais do século XV, o Homem considerava a vida espiritual e os problemas religiosos como o centro de todos os seus interesses. Contudo, nos últimos tempos da Idade Média surgiu uma nova mentalidade e um novo ideal de vida. Primeiramente em Itália e de­pois nos outros países da Europa, os intelectuais começaram a ma­nifestar uma atitude nova face ao mundo. Então, o Homem colo­cou-se como centro do mundo, isto é, começou a reflectir sobre si e os seus problemas. A esta visão mais ampla do Homem e do seu lugar no mundo damos o nome de antropocentrismo. Esta nova crença nas capacidades do Homem e nas suas reali­zações levou, nos séculos XV e XVI, a uma profunda mudança nas letras, artes, ciências e em todas as formas de pensamento.

Síntese Esquemática

Leonardo da Vinci, A Batalha de Anghiari (detalhe), 1503-05




UMA SOCIEDADE IDEAL

A Ilha da Utopia



- Caro More, na Utopia a administração difunde os seus benefícios por todas as classes de cidadãos. O mérito é ali recompensado. A riqueza nacional encontra­-se tão igualmente repartida que cada indivíduo goza com abundância de todos os confortos da vida. [...] Se tivésseis estado na Utopia, como eu, que ali passei cinco anos da minha vida, [...] veríeis que em nenhuma outra parte existe sociedade tão perfeitamente organizada.

Thomas More, Utopia (1516)



[Thomas More, dirigindo-se ao rei:] - Acabai com o crime e com a miséria na Inglaterra. […] Ponde freio ao avaro egoísmo dos ricos [...]. Que para vós deixe de haver ociosos! Dai à agricultura grande desenvolvimento, criai manu­facturas de lã e outros ramos de indústria [...]. Se não dais remédio aos males que vos aponto, não me elogieis a vossa justiça: não passa de uma mentira feroz e estúpida. Abandonais milhares de jovens aos péssimos efeitos de uma educação viciosa e imoral. [...] Que fazeis deles então? Ladrões, para terdes o prazer de os enforcar depois.

Thomas More, Utopia (1516)

Uma Nova Era


No século XV, a base dos conhecimentos relativos ao Univer­so, à Natureza e ao próprio Homem eram ainda as obras da An­tiguidade greco-romana, principalmente do filósofo Aristóte­les, do geógrafo Ptolomeu e do médico Galeno. No entanto, a autoridade dos sábios greco-romanos e a ad­miração pela Antiguidade não impediram o aparecimento de uma atitude crítica quanto ao saber herdado. Não se tratava de rejeitar os conhecimentos recebidos da Antiguidade, mas de os sujeitar a uma reflexão crítica.
Desenvolveu-se a ideia de que todo o conhecimento tinha que ser confirmado pela experiência e pela razão. Para Leonardo da Vinci, por exemplo, o saber devia resultar da observação da Natureza e só se tornava verdadeiramente vá­lido depois de ser interpretado racionalmente.
Em todo este processo de crítica ao saber tradicional e de procura de um conhecimento alicerçado na experiência, de­sempenharam um importante papel os portugueses, através das viagens de descobrimento. Geógrafos como Duarte Pacheco Pereira e D. João de Castro, matemáticos como Pedro Nunes e botânicos como Garcia de Orta deram um contributo decisivo para o avanço do conhecimento.
Contextualizar

Os Humanistas
Ghirlandaio, Os Filósofos
Os humanistas, eram, em termos gerais, estudiosos da cultura clássica antiga. Alguns estavam ligados à Igreja, outros eram artistas ou historiadores, independentes ou protegidos por mecenas. Acabaram por situar o homem como senhor de seu próprio destino, dotado de "livre arbítrio" (capacidade de decisão sobre a própria vida) e elegeram-no como a razão de todo conhecimento, estabelecendo, para ele, um papel de destaque no processo universal e histórico. Passa a interessar-se mais pelo saber , convivendo com a palavra escrita. Adquire novas ideias e outras culturas como a grega e a latina mas, sobretudo , percebe-se capaz , importante e criador . Afasta-se do teocentrismo, assumindo , lentamente , um comportamento baseado no antropocentrismo . De uma postura religiosa e mística, o homem passa para uma posição racionalista, crítica e individualista que lenta e gradualmente, vai minando a estrutura e o espírito medievais .
O Humanismo funcionará como um período de transição entre estas duas atitudes .

O Nascimento do Mundo Moderno

O Nascimento de Vénus
Sandro Botticelli
Concebendo o homem como centro do Universo e defendendo a sua valori­zação e dignificação, o movimento de renovação cultural dos séculos XV e XVI apelou para novos valores: o individua­lismo, o espírito crítico, a tolerância e a curiosidade científica. Embora de forma lenta e inicialmente muito localizada, uma nova mentalidade se impôs nos meios culturais europeus - a mentali­dade renascentista.

Os Novos Caminhos do Conhecimento


A Escola de Atenas (1511)
Rafael Sanzio

O mundo volta a si como se despertasse de um grande sono. Todavia, há ainda certas pessoas que resistem com furor, agarrando-se, de pés e mãos, à sua antiga ignorância. Temem que, se as letras antigas renasce­rem e o mundo se tornar culto, venha a demonstrar-se que não sabiam nada. Ignoram até que ponto os antigos foram sábios, que grandes qualidades possuiam Sócrates, Virgilio, Horácio e Plutarco.
Ignoram que a história da Antiguidade é rica em exemplos de verdadeira sabedoria.

Erasmo de Roterdão, Cartas (1527)
O Homem, um Ser Livre
Disse Deus ao homem: coloquei-te no centro do mundo, para que possas olhar à tua volta, e ver o que o mundo contém. Não te fiz celestial nem terreno, mortal nem imortal: poderás tu próprio escolher o teu caminho. Pela tua vontade podes tornar-te em bruto irracional ou podes alcançar uma elevada perfeição quase divina.


(Pico della Mirandola, A Dignidade do Homem, 1486 )
A Formação da Mentalidade Moderna


No centro da transformação intelectual renascentista encontra-se a passagem de uma mentalidade teocêntrica, isto é, que colocava Deus no centro da reflexão humana, para uma mentalidade antropocêntrica que tinha o homem como centro da sua reflexão e preocupação. Esta proposta correspondia a um reconhecimento e a uma crença optimista nas capacidades e no valor do ser humano, contrapondo-se à visão medieval do mundo.

Depositário do Belo



De A a Z,  tudo sobre a arte e os artistas que tornaram o mundo mais belo ainda.
Clicando na imagem encontras tudo sobre as obras e os artistas do Renascimento ( ou de qualquer outra época) :)







A Arte de Imprimir

Antes de Gutenberg criar a imprensa com caracteres móveis (1455), já se utiliza­vam no Ocidente algumas técnicas de impressão. Gravava-se o texto e os de­senhos em pranchas de madeira que, depois de receberem tinta, eram com­primidas sobre o papel. Este sistema, que era chamado de xilografia (xylon, em grego, significa madeira) no entanto, já era utilizado na China desde há muito.
O processo criado por Gutenberg reve­lou-se menos trabalhoso e mais eco­nómico e eficiente que a xilografia. As letras móveis, feitas de chumbo, po­diam sempre ser usadas em novos textos.
O 1º livro a ser impresso foi a Biblia e demorou cerca de cinco anos (1455-1460) . Em bre­ve a arte de imprimir se espalhou pela Europa. Em Portugal começaram a ser impressos livros ainda na segunda me­tade do século XV.
A invenção de Gutenberg é uma ds grandes conquistas da Humanidade.Para teres uma idéia do êxito e da importância da imprensa lembra-te que, em meados do século XV, o conjunto de todos os livros (ma­nuscritos) existentes na Europa não ultrapassaria os dez mil e que, passados apenas cinquenta anos, havia cerca de 10 milhões de livros impressos.
O grande escritor francês Victor Hugo, disse dela no séc XIX:
"A invenção da imprensa é o maior acontecimento da história. É a revolução mãe... é o pensamento humano que larga uma forma e veste outra... é a completa e definitiva mudança de pele dessa serpente diabólica, que, desde Adão, representa a inteligência."

TPC à distância

A Itália, Berço do Renascimento
Com base no esquema escreve um pequeno texto onde explicites a origem italiana do movimento cultural que foi o Renascimento

A Arte do Renascimento


Síntese Esquemática


Renascimento- Tópicos de Estudo


Tópicos de Estudo


UM HUMANISTA CRITICA A SOCIEDADE DO SEU TEMPO

Archimboldo


Se alguém julgar que falo com mais atrevimento do que verdade, venha inspeccionar comigo as vidas humanas [...]. Este mete no ventre tudo quanto ganha e, poucos dias depois, passa fome. Aquele não vê a felicidade senão no sono e no ócio. […] Os negociantes mentem, roubam, defraudam, enganam e consideram-se pessoas muito im­portantes porque andam com os dedos cheios de anéis de ouro. [...] Se alguém pudesse observar os mortais a partir da Lua, julgaria ver milhares de moscas e de mos­quitos envolvidos em rixas, guerras, maquinações, rapi­nas, enganos [...].
Os reis e os príncipes não escutam senão os que lhes di­zem coisas agradáveis […] Julgam executar inteiramen­te as funções régias se vão com frequência à caça […] e se inventam diariamente novas maneiras de diminuir a riqueza dos cidadãos e de aumentar a sua, por meio do fisco [...].
E que direi dos cortesãos? Nada há mais rasteiro, mais servil, mais hipócrita, mais abjecto que esses homens que se consideram os primeiros de todos [...]. Dormem até ao meio-dia; mal saídos do leito, ouvem missa, que para eles reza um padre mercenário. Mal acabado o almoço, logo os chamam para o jantar. Depois, são os dados, o xadrez, os torneios, os adivinhos, os bobos, as amantes, os divertimentos, as chalaças [...]. E, deste modo, sem receio do tédio da vida, passam as horas, os dias, os me­ses, os anos, os séculos.


Erasmo de Roterdão, Elogio da Loucura (1511)

Friday

Interesses dos Grupos Sociais na Expansão

Mare Clausum

Mare Clausum

Com a assinatura do Tratado de Alcáçovas-Toled e sobretudo com a assinatura do Tratatdo de Tordesilhas a navegação nos oceanos ficava reservada , com a benção papal, a portugueses e espanhóis naquilo que ficou conhecido no direito internacional como Mare Clausum, ou Mar Fechado.
Esta política foi mal recebida por nações europeias como a França, Holanda e Inglaterra, que reivindicaram, apoderando-se dos mares pela força, pelo corso e pirataria de rotas, produtos e colónias, por intermédio das suas Companhias majestáticas, com objectivos militares e expansionistas. No entanto, só no séc XVII o direito internacional anularia as disposições consagradas em Tordesilhas opondo ao Mare Clausum o princípio do Mare LIberum.

O cheiro da canela


Até esta altura, as mercadorias orientais eram adquiridas na índia pelos muçulmanos, que as transportavam por mar através do Oce­ano índico, do Mar Vermelho e do Golfo Pérsi­co, seguindo depois em caravanas até aos portos do Mediterrâneo Oriental. Os mercado­res venezianos e genoveses iam aí comprá-Ias, vendendo-as depois em toda a Europa. Com esse lucro faziam a riqueza de muitas cidades italianas.



Estas mercadorias atingiam preços muito elevados pois passavam pelas mãos de vários intermediários. Os Portugueses, ao adquiri­-las directamente na origem, podiam vendê­-las mais baratas que os Venezianos e Genoveses e, ainda assim, com uma grande margem de lucro.
 

Tratado de Tordesilhas



Tratado de Tordesilhas

A descoberta da América por Cristóvão Colombo (1492) levou a um grave conflito entre Portugal e Castela. D. João II reivindicou o direito às terras descobertas por se situarem nas áreas atribuídas a Portugal pelo acordo de Alcáçovas­-Toledo.
Em 1494, após demoradas negociações, Portugal e Espanha assinam o Tratado de Tordesilhas, que dividiu o mundo em duas grandes áreas de influência. Em cada uma delas, as potências ibéricas gozavam do exclusivo de navegação e comércio nas terras descobertas ou a descobrir. Instituía-se assim a doutrina do Mare Clausum, o mar fechado.

Materiais de Apoio

Ritmos e Rumos da Expansão

Fases da Expansão
Em 1460, à data da morte do infante D. Henrique, as caravelas portuguesas atingem o arquipélago de Cabo Verde e a Serra Leoa. Depois da sua morte, egue-se, até ao fim do reinado de D. Afonso V (em 1481), um período em que a coroa se interessa mais pelas conquistas do Norte de África do que pelas viagens de descoberta. Na verdade, o monarca entregou estas viagens a particulares. Em 1469, celebrou com o burguês lisboeta Fernão Gomes um contrato de arrendamento. Este comprometia-se a explorar a costa africana, em troca do exclusivo dos negócios para sul de Cabo Verde.

Condições e Motivações da Expansão


Crise económica e social

Painéis de S. Vicente de Fora, atribuídos ao pintor Nuno Gonçalves , Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa

Os reflexos da crise económica-social europeia, combinando-se com as perturbações das guerras fernandinas com Castela e das guerras da independência (a paz com Castela só seria assinada em 1411), fazem convergir na nossa sociedade a dupla aspiração da nobreza a aumentar as suas terras e da burguesia a conquistar novos mercados.
V. Magalhães Godinho , A economia dos descobrimentos henriquinos


Uma crise, por mais grave que ela seja, não significa apenas morte e destruição. Também o é; mas não deixa de ser também uma oportunidade para a mudança. Com a crise do séc XIV , em Portugal, abria-se  a via para a aventura das descobertas.

Wednesday

Crise Dinástica do séc XIV

Mosteiro de Stª Maria da Vitória, mais conhecido por Mosteiro da Batalha, construído em comemoração da vitória em Aljubarrota.


Da fome, da peste e da guerra, livrai-nos Senhor!


A CRISE DO SÉCULO XIV EM PORTUGAL


Os problemas e dificuldades que se fizeram sentir na Euro­pa, na 2ª metade do século XIV, atingiram também Portugal
Logo em 1348, a Peste Negra chegou ao nosso país. Ao que se julga, entrou através dos portos marítimos do Sul, provavelmente por Tavira. Em pouco tempo alcançou todo o território, provocando maior mortandade nos centros urbanos e nos mosteiros, onde as populações estavam mais concentradas. Pensa-se que pelo menos 1/3 dos portugue­ses foram vítimas da Peste Negra.
Os efeitos da epidemia foram imediatos. Devido à falta de mão-de-obra nos centros urbanos, muitos trabalhadores rurais rumaram para as cidades, em busca de melhores con­dições de vida. Em consequência, muitas terras ficaram ao abandono, o que provocou um abaixamento da produção de cereais. Ora, face à diminuição das receitas, os senhores agravaram os tributos e rendas aos camponeses. Por isso, surgiram revoltas e forte agitação social.

Soluções para a crise

Les Très Riches Heures du Duc de Berry,
Irmãos Limbourg, Séc XV

Com vista a resolver os problemas do mundo rural, os reis portugueses tomaram várias medidas. D. Afonso IV, em 1349, enviou aos concelhos do Reino as Leis do Trabalho e D. Fernando, em 1375, publicou a Lei das Sesmarias .


De acordo com estas leis, determinou-se o seguinte:


. os proprietários rurais eram obrigados a cultivar as suas terras;
. todos os que abandonaram a agricultura deviam voltar aos trabalhos agrícolas;
. os salários eram tabelados, de modo a evitar abusos;
. a mendicidade era proibida, de forma a conseguir-se mão-de-obra para a agricultura.

Lei das Sesmarias


A Lei das Sesmarias foi promulgada em Santarém a 28 de Maio de 1375, durante o reinado de D. Fernando I. Insere-se num contexto de crise económica que se manifestava há já algumas décadas por toda a Europa e que a peste negra veio agravar. Toda a segunda metade do séc. XIV e quase todo o séc. XV foram período de depressão. A peste negra levou a uma falta inicial de mão-de-obra nos centros urbanos (locais onde a mortandade foi ainda mais intensa) que, por sua vez, desencadeou o aumento dos salários das actividades artesanais; estes factos desencadearam a fuga dos campos para as cidades. Após estas consequências iniciais verificou-se, e tornou-se característica deste período, a falta de mão-de-obra rural que levou à diminuição da produção agrícola e ao despovoamento de todo o País. A lei das Sesmarias e outras disposições locais anteriores pretendiam fixar os trabalhadores rurais às terras e diminuir o despovoamento. Segundo Virginia Rau as causas que levaram à promulgação desta lei foram: a escassez de cereais, a carência de mão-de-obra, o aumento dos preços e dos salários agrícolas, a falta de gado para a lavoura, a diferença entre as rendas pedidas pelos donos da terra e os valores oferecidos pelos rendeiros e o aumento dos ociosos e vadios. A lei pretendia: obrigar os proprietários a cultivar as terras mediante pena de expropriação, obrigar ao trabalho na agricultura a todos os que fossem filhos ou netos de lavradores e a todos os que não possuíssem bens avaliados até quinhentas libras, evitar o encarecimento geral fixando os salários rurais, obrigar os lavradores a terem o gado necessário para a lavoura e fixando o preço do mesmo gado, proibir a criação de gado que não fosse para trabalhos de lavoura, fixar preços de rendas, aumentar o número de trabalhadores rurais pela compulsão de mendigos, ociosos e vadios que pudessem fazer uso do seu corpo. A grande novidade desta lei é a instituição do princípio de expropriação da propriedade caso a terra não fosse aproveitada. Procurava-se repor em cultivo terras que já o haviam tido e que os factos já mencionados tinham transformado em baldios. A lei das Sesmarias foi como que uma reforma agrária. No entanto, não se sabe com clareza até que ponto foi cumprida e em que medida contribuiu para uma restruturação da propriedade e para a resolução da crise.

A Peste Negra


A Peste Negra foi uma epidemia que atingiu a Europa, a China, o Médio Oriente e outras regiões do Mundo durante o século XIV (1347-1350), matando um terço da população da Europa e proporções provavelmente semelhantes nas outras regiões. A peste não só dizimou a população como largamente veio agravar as condições de vida de uma Europa já muito fustigada por fomes e guerras.
Durante o período de revolução e de catástrofe que causou, instituições milenares como a Igreja Católica foram questionadas, novas formas de religião místicas e de pensar prosperaram e minorias inocentes como os leprosos e os Judeus foram perseguidas e acusadas de serem a causa da peste.

Crises e Revolução no século XIV

Tuesday

Metas de aprendizagem



Conhecer e compreender os vetores fundamentais do Iluminismo 

Identificar os princípios norteadores do Iluminismo e os seus principais representantes.
Identificar os meios de difusão das ideias iluministas e os estratos sociais que mais cedo a elas aderiram.
Analisar as propostas do Iluminismo para um novo regime político e social baseado na separação dos poderes, na soberania da nação e no contrato social, na tolerância religiosa, na liberdade de pensamento, na igualdade à nascença e perante a lei.
Reconhecer a influência das propostas iluministas nas democracias atuais.

Compreender os principais condicionalismos explicativos do arranque da “Revolução Industrial” na Inglaterra 

Explicar o processo de modernização agrícola na Inglaterra no final do século XVIII.
Indicar os principais efeitos da modernização agrícola.
Enumerar os factores que explicam o aumento demográfico registado na Inglaterra nos finais do século XVIII/início do século XIX.
Enunciar as condições políticas e sociais da prioridade inglesa.
Relacionar o desenvolvimento do comércio colonial e do sector financeiro com a disponibilidade de capitais, matérias primas e mercados, essenciais ao arranque da industrialização.
Referir as condições naturais e as acessibilidades do território inglês que contribuíram para o pioneirismo da sua industrialização.

Conhecer e compreender as características das etapas do processo de industrialização europeu de meados do século XVIII e inícios do século XIX 

Definir os conceitos de maquinofatura e de indústria, distinguindo-os das noções de artesanato, manufactura e indústria assalariada ao domicílio.
Identificar as principais características da primeira fase da industrialização (“Idade do vapor”).
Referir a importância da incorporação de avanços científicos e técnicos nas indústrias de arranque (têxtil e metalurgia).
Reconhecer as “revoltas luditas” como primeira modalidade de reação a consequências negativas, para as classes populares, do processo de industrialização.

Conhecer e compreender as implicações ambientais da atividade das comunidades humanas e, em particular, das sociedades industrializadas 

Relacionar a industrialização com consumo intensivo de recursos não renováveis e com alterações graves nos equilíbrios ambientais.

Objectivos de Aprendizagem



Conhecer e compreender o Antigo Regime europeu a nível político e social 

1. Definir Antigo Regime.
2. Reconhecer o absolutismo régio como o ponto de chegada de um processo de centralização do poder régio iniciado na Idade Média.
3. Identificar os pressupostos fundamentais do absolutismo régio, nomeadamente a teoria da origem divina do poder e as suas implicações.
4. Reconhecer a corte régia e os cerimoniais públicos como instrumentos do poder absoluto.
5. Caracterizar a sociedade de ordens de Antigo Regime, salientando as permanências e as mudanças relativamente à Idade Média.
6. Destacar a relevância alcançada por segmentos da burguesia mercantil e financeira nas estruturas sociais da época.

Conhecer os elementos fundamentais de caracterização da economia do Antigo Regime europeu

1. Reconhecer o peso da economia rural no Antigo Regime, sublinhando o atraso da agricultura devido à permanência do Regime Senhorial.
2. Salientar a importância do comércio internacional na economia de Antigo Regime.
3. Explicar os objectivos e medidas da política mercantilista.

Conhecer e compreender os elementos fundamentais da arte e da cultura no Antigo Regime 

1. Caracterizar a arte barroca nas suas principais expressões.
2. Reconhecer a importância do método experimental e da dúvida metódica cartesiana para o progresso científico ocorrido.
3. Reconhecer a consolidação, nestes séculos, do desenvolvimento da ciência e da técnica, referindo os principais avanços científicos e os seus autores. 



Materiais